
Livro das Ofensas X
Data 21/12/2022 22:05:32 | Tópico: Poemas
| O arrogante libertou um sonoro arroto Passeou-se por ali, de lado para lado A revirar a cabeça como um louco E, de repente, parou quase morto Cheio de fome, sedento e esganado Aquela existência sabia-lhe a pouco
Enfiou-lhe a faca no bucho Estripou-lhe ali a carcaça Bebeu de um gole o vinho Riu-se da sua vida de luxo Deitou as mãos à massa E acordou, sozinho
O hipócrita apareceu e desapareceu Tudo num escasso sentimento de tédio Só deixou de si uma sombra tímida Cada um, gritava, teve o que mereceu Homem pobre que fora rico, intermédio Causas da morte essas coisas da vida
No último suspiro chorou Despediu o corpo já farto Despejou a alma na lama Comeu-se, bebeu-te, fumou Este produto de um parto Criança da mamã, de mama
O estúpido lambeu as botas ao patrão Beijou-o e bajulou-o, o energúmeno Umas palmadinhas na nádega direita Das insistentes que trazem dor à mão Camisa xadrez e moustache fenómeno E pronto, assim tinha a vidinha perfeita
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