cañção de mim, para josétorres, poeta

Data 05/05/2008 17:45:30 | Tópico: Poemas

tenho um guarda-chuva preto e triste

pendurado no meu pulso esquerdo

um guarda-chuva preto e triste

em permanente estado de viuvez

e condenado a ser esquecido num banco qualquer

do metrô de são paulo

se ao menos chovesse agora

mas não

o guarda-chuva vai triste

a incomodar meu pulso esquerdo

se ao menos meu deus chovesse

eu o abriria como pára-quedas a me salvar do dilúvio

faria de seu tecido preto minha arca de noé

mas não

não chove e o meu guarda-chuva preto

é como um cão imaginário que levo pela coleira

ou ele me leva

mas meu deus nenhum de nós sabe dizer para onde

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júlio, inédito



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