
*Silêncio que Fala
Todo silêncio ao coração contrito Olhei no teu olhar sem emoção Entrei em tua alma feito furacão Vasculhei teu céu, não vi o grito.
Não vi teu grito, mas vi penumbra, Solidão sem palavra, sem testemunha, Corroendo o tempo, fazendo grunha, Abrindo valas como canto em rumba.
Este silêncio embotando a alma Faz moradia, me consome fria, Quisera um naco da cronologia Para burlar o tempo, ofertar a palma.
Pudera ser a luz que rompe treva Alumiar o templo, chegar a ti, Nas palavras escrever que te vi Sem o invólucro erguendo a leva.
Na face contrita teu olhar amante Qual um telão rijo, emoldurado, No teu sorriso eu vejo abortado, Só o silêncio envolve cada instante.
*** Do livro: "Silêncio que Fala"
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