Antídoto
Data 01/03/2023 12:14:46 | Tópico: Poemas
| Esta insônia enlouquecida que desaba sobre todos os sonhos É a matriz dos meus poemas que são um antídoto contra dor E assim distribuo os versos, como um linimento sobre o papel Não direi dos passos antigos de contornos tristes e caminhos Calcinados e errados que andei, sem pretextos para nostalgia Desejo fazer que a vida retome com força, abrir as pálpebras Ver-me a salvo, pelo menos crer-me a salvo, que já é bastante Se o poema não é a unção milagrosa, sem contra argumentos Os versos também mostram o que atrairá viver às escancaras Mesmo o que não é dito, não deixa de acontecer, só por isso O que se necessita é conter o lamento, pai de tantas agonias Mazelas não devem, malgrado não haja manual de instruções Ser revelada aos inimigos. Deixar no vazio é mais confortável Os noticiários é que veem como atrativo repetir os desastres Há que se tornar surdo-mudo ou cego, mas atento aos signos E não cantar, mas para espanto deles fazer como se cantasse Sob um céu comum, uma só noite pode representar mil e uma Bendita noite azul caminhando à deriva, mergulhar no enigma Para ser outro e amar. Amar com amor de valor, sem astúcia Então, não se deixe levar por contradições que só a razão vê O mundo tem máculas e não há feitiço ou fé que o desminta
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