
Ó Poema
Data 21/03/2023 21:00:13 | Tópico: Poemas
| Ó poema, nesse teu sonho de nuvem aquieta-me o pranto Sou prisioneiro desta angustia que desponta no horizonte Bato às portas fechadas do bem querer, estarás a dormir? Não ouço o doce tilintar dos cristais estendidos ao vento Nem o canto do pintassilgo nos ramos pálidos da amoreira Abre-me as janelas às auroras dos teus mananciais de mel Mostra-me o rumo nestes caminhos errantes de concreto De volta aos cálidos riachos nos vinhedos da brisa estival Para juntar-me aos pássaros em sua dança sedenta de ar Ó poema sonha-me um novo destino na canção vespertina Minh’alma inda lamenta sob o espelho da lua à meia-noite Revive o fruto de verdes soledades nos orientes maduros Redime-me no perfume das flores, no peitoral das janelas Deixa rescender pelos campos o cheiro da terra molhada Ao fim da chuva aprazível fresquíssima, pintes o arco-íris Cantes cânticos de desmedida melodia de sons e silêncios Faz-me ouvir o assíduo beijar terno das ondas à beira mar Em meu peito povoam ânsias secretas, na espada e o lírio Ó poema, derrama do teu doce orvalho neste meu delírio
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