
Sem Surpresa
Data 08/04/2023 22:13:25 | Tópico: Poemas
| É tão fácil erguer a cabeça e passares tão altiva E no princípio tu que eras só carne, te fiz verbo Quando foste silêncio a minha língua foi palavra E eu te fiz sujeito de minhas orações irregulares Para ser alento, nas vezes que a fome te assolou Quando o pó da estrada foi sede, fluiu no verso O que fez brilhar teus lábios, ao sol do meio dia E se o assombro da noite te afligiu, eu estava lá Para reconhecer a voz que ladrava nas sombras Se teus passos pisaram no sendeiro das partidas Fui eu quem te mostrou os caminhos para volta Quando, ébria desse cotidiano cruel, choravas Meu ombro secou as lágrimas que te afogavam Agora pensas que é só sacudir o pó das roupas Passar aqui resoluta e não virar o rosto ao lado Eu continuo aqui, nada deixo para as surpresas Inclino-me à tua passagem, não me fere o olvido
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