
Conversas com o diabo
Data 12/04/2023 11:24:32 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Noites intermináveis onde os pensamentos bailavam Sussurros entre as ruas escuras da cidade Nos becos sem saída de vielas abandonadas Encontrou a paz que tanto procurava O refrigério para uma alma atormentada E não desejava falar sobre isso com ninguém.
Cansado das mentiras proferidas em seus ouvidos Procurava alguém em quem pudesse confiar Depois de tantas decepções na vida A pessoa perde a esperança de ser ouvido E não confia em mais ninguém Nem mesmo naqueles que abrem logo um sorriso.
Saturado da presença dos seres humanos Bandos de hipócritas interesseiros Deixou-se descansar da fadiga humana No mais lúgubre local onde pudesse se esconder E as melhores lembranças que lhe vieram a mente Foram suas longas conversas com o diabo.
Nunca quis que isso acontecesse Mas não pode evitar o encontro Suas queixas que pareciam fazer sentido Não passava de reclamações banais e só pode entender isso Quando o agente do Inferno lhe disse face a face Que o ser humano é ambicioso e orgulhoso.
Entendeu a partir desse diálogo impensável Que poderia ser uma pessoa diferente Enquanto perambulava pelos becos escuros da cidade Mas em seus discursos sutis, o seu interlocutor, Deixou claro as suas intenções de massagear o ego humano Para obter a sua conquista do mundo inteiro.
Muito além do que os olhos humanos podem ver As nuvens que impedia o brilho da lua aparecer São levadas pelo vento oriental para as montanhas E, na claridade do corpo celeste, agora fulgurosa Pode contemplar o fundamento de seu diálogo Com o único ser que foi expulso do lugar mais alto.
Pega, então, as suas folhas de jornais amarrotadas E cobre as suas feridas na madrugada fria Antes de fechar os olhos percorre a vastidão Os pensamentos em turbilhões de conjecturas Tateando no ar uma resposta plausível para perguntas Que nunca serão respondidas a contento.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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