até ao sétimo céu pelo som de trompete

Data 25/04/2023 22:44:19 | Tópico: Poemas

tempo cegos
nem precisava de venda
para jogar à cabra cega
adivinhava.te

teus passos com todos os meus sentidos em reboliço
teus tons aveludados a escorrer miraculosamente
por entre meus passos parados e de olhos fechados
soltavas as primeiras notas que envolvia dois corpos às cegas
franjas do desejo confinados no mesmo rastilho
arrepio e rodopio do cabelo da nuca por um" sol maior"
sopro de vida vindo do céu da tua boca cítrica

sussuravas ao meu ouvido o roçar do trompete
roçar esse que tudo em mim estremecia
fazia borbulhar meu baixo ventre
eu, de olhos fechados adivinhava.te
teus lábios embucadura
teus dedos nos pistões
enquanto me dissolvia em ciúmes
"como queria ser trompete"

tinhas a ideia maluca constante de tocar nu
vendado, de cabelo solto ainda molhado
trincar uma tangerina antes de tocar
e eu, quase sempre vestida naquele velho vestido branco de trazer por casa
de olhos fechados acompanhava teus solos descalça
em jeito minuete primitivo
a transbordar pazer

quando terminavas de tocar
adivinhava.me
" sou trompete"

se o trompete tinha orgasmos quando o tocavas, não sei
mas que tudo em mim era orgasmo
sim, isso sei
um carrilhão de igreja a fazer.me chegar ao sétimo céu-






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