
DETALHES 1
Data 29/04/2023 09:18:46 | Tópico: Poemas
| Olhar para cima e ver a chuva. Ver os pingos nascidos do nada crescerem a caminho dos meus olhos até me atingirem a pele numa mistura tridimensional de imagem insólita, som pressentido e toque disseminado, frio. Não fugir porque molha, não procurar abrigo, não evadir a carícia a que nunca me dou, não temer consequências nem incómodos. Só retomar o caminho depois, saturados os sentidos, inebriada a alma dos prazeres simples do instante esculpido para um sempre feito dos amanhãs que houver. E só depois rever-me de dentro, ascendente e leve, sentindo as forças voltarem e retomarem-me a vontade, a poesia voltando a tomar posse, a dirigir-me a mão para os velhos gestos e para o caminho errático das outras formas de ver o mundo, onde os anos não têm idade e as horas são sorrisos alegres entre pensamentos.
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