Também a um poeta que se foi

Data 07/05/2023 18:39:52 | Tópico: Poemas

os desejos dormem sempre exaustos,
na porta do poema.

conheço esse inferno como a palma da minha mão
posso escrever hera, rosa ou limonada
ou explodir de repente como granada

depende como calha tratar a flor.

nunca transformei ouro em coisa feia ou coisa má
que isso é arte que não tenho
não acuso santos ou divindades
dos meus males
mas também não peço que rezem por mim
só peco contra mim mesma
preciso é de relembrar um qualquer credo
para me absolver.

esqueci o que é a inocência
e durmo de olhos abertos para a morte
no meio de rascunhos
do que foi a minha vida
então vou bebendo em dose lenta
o amargo das palavras
em decomposição desde o primeiro verso.

quisera falar como o que se foi
e nem sei bem se falou disto
mas falo eu agora com saudade
do cristal das suas palavras


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