
dura lucidez
Data 30/05/2023 14:22:48 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| a manhã acende e o sol fulge na cal branca das paredes, das casas onde um dia houve vida, há borboletas alegres abrindo asas, e uma buganvília perdida. as rosas vão desprendendo fragrância por toda a aldeia, lembro a dourada suavidade da infância, a tarde morna, a hora da ceia a vida é um instante as memórias não morrem só o tempo ficou distante! a gota de água que floresceu e caiu no ramo mais firme da roseira, era lágrima furtiva, que ninguém viu a dureza da alma, o final do estio, chegando à minha beira.
apaga-se o ocaso e a sombra ameaça desvanece meu coração atormentado a recordação me abraça por perto o canto puro do rouxinol e o sol, que fulgia nas paredes brancas de cal lembram a rapariga airosa, a tal que hoje envelhece, desde então não vive e no olhar já nada transparece.
natalia nuno
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