De graus, ou o nome do meu gato

Data 23/06/2023 21:58:35 | Tópico: Prosas Poéticas

Uma questão de frio.
Já sei que devo de ser uma espécie de sofá, onde te abates, não só para dormir.

Nunca percebi bem o porquê. O onde, parece claro. Em qualquer lado. O quando, é igual.

Por vezes, ficas em sestas horárias.
Outras, pareces que vês televisão comigo. E ouves.
Ou perdes-te em pensamentos longos, ou curtos, que me excluem, para meu verde ciúme.

Sei ser um facto.
O meu erro, é correr a dissecá-lo ao sol. Discorrer.

Haverá algum cheiro meu que to obriga. Uma feromona?

Será algum osso, que encaixa num teu como quebracabeça, que nos faz bidimensionais? Ou será aí que carregas a bateria do teu ventre, do teu sorriso, da tua pele? Ou te descarregas?
Estará programado por algum algoritmo de inteligência artificial? Ou bioquímica?

Noto que, quando ficas, há uma transferência de algo que meço em graus, que me acalora. Chega a arder, no verão. Uma alta temperatura. Uma destemperatura fixa. Altura.

Se eu, por azar triste, vivesse do frio como vivo deste calor, teria de arrancar a ferros a fuga, e ser o longe.
O infinitamente longe.

De ti. Para sobreviver. Nunca um sofá, ou uma cama. Ou um sofá-cama (que ser confuso!).

Será que é porque te aqueço?
Também?


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=367813