Vitrais

Data 27/06/2023 12:41:36 | Tópico: Poemas



Ah, eu queria impedir a aparição de tua figura
Fechar com cadeados a tua lembrança em mim
Silenciar o teu perfume nesta teia tão confusa
Nutrir o olvido c'as exuberantes imagens tuas
Fingir que, de repente, não me roubas o fôlego
Que os teus olhos tão mansos quão profundos
Já não me fitam de soslaio, quando me distraio
Teu corpo nu, demasiado meu, tão vertiginoso
Que, por decoro não revelo, tanto me inundou
Felina, doce e incontrolável ignorando as portas
Que eu punha para negar a nossa cumplicidade
Disso tudo, agora me sinto incapaz de esquecer
Ao invés, faço, à maneira de um eco, é ressoar
Eu te multiplico, reinvento em tantos espelhos
E já que estou como um louco, que fosse feliz
Na sonoridade de tua lembrança que me toma
Dourada, marcante, por vezes, serena e ligeira
Por vezes com a profundidade de um lamento
Noutras desesperada e violenta qual o silêncio
Mas sei que falharão as tentativas silenciar-te
Pois não há como calar algo da história de nós
Que vive a buscar mais, mas jamais incompleta
E o tanto que já te quis, derramei neste poema
Onde eternamente bailará tua luz intrometida
Através dos vitrais dessa minha eterna solidão




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