
ave transviada
Data 09/07/2023 17:36:47 | Tópico: Poemas
| apaguei-me no remoinho do vento permito que o silêncio me traga obscuridade e sonhos de saudade, onde me acolho arrebatadamente, escrevo um poema, todo o meu pensamento a arder sem saber, o que ditar-me para nele escrever, nem qual o tema, e detrás do silêncio, o coração que não sabe aquietar relembra, velhas cicatrizes, mas logo me põe a correr, - em dias felizes, nesta leve e fugaz inspiração, deixo que o sonho adormeça nestas linhas, e esqueço, que os sonhos não regressam.
uma ave transviada me angustia delírios me levam a outro tempo, a outro lugar que palpita nas minhas veias, que agonia, sonhar as noites cheias da infância, acarinhar os antepassados, e ao acordar só a vida sem alento, enterro este frágil passar na fronteira do presente, num azul firmamento. abre-se a janela ao coração de par em par e uma lágrima seca cai-me do olhar
a recordação chega e já fico confusa, o passado é irrepetível e lembrar traz-me pesar, o frio amontoa as ausências dos que partiram, é este o preço cruel do tempo ouço o chorar do velho rio que corre, que pesadelo neste meu destino adverso corre a vida vencida, também ela morre, parto, sem escrever nem mais um verso.
natalia nuno rosafogo
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