A dor de escrever

Data 30/07/2023 23:21:13 | Tópico: Poemas

Há vezes em que escrever é uma dor sem contornos
Algo que viaja dentro de nós é, por vezes, tão infeliz
Qual um brilho negro, um fulgor trazido pela solidão
O rigor da contradição de estar parado movendo-se
No paradoxo que não se cala além do entendimento
É o desamor, a fúria, o drama de um inimigo interior
Que, perturbado, se descobre na própria identidade
É fogo que não queima, o corpo não cintila e se cala
E reverbera o eco esquivo de suas ocultas fantasias
O quadro interminado em que o vazio se multiplicou
Até pergunta-se do fluxo sonoro de antigas palavras
A cor vibrante do escrito, viva nas primeiras fábulas
Parece não se recompor, límpido como era no início
Mas se apresenta frio qual palavras de um geômetra
Que a plateia ouve calada, sem qualquer sentimento
Teria a sombra devorado o brunido das conjugações
Teria o poeta partido, se tornado tão só um fingidor
Vou negar na certeza de quem já jogou com a morte
E venceu por amor, assim descobriu as próprias asas
Pois quem ama luze, viaja a estrada além da tristeza
E preenche a angústia nas trevas onde se concentra
Reinventa a esperança num amor que cale nossa dor
Faça do drama o risco de quem vive só da sua forma
E no tumulto do espaço sabe a vez da fala da paixão




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