Sem título(44)

Data 15/02/2007 00:11:37 | Tópico: Poemas

Vivo para além de encontros e dissemelhanças,

vulgarizo vitórias e derrotas na placidez do fado insubmisso,

aprendo a lição maior na vida dos mais simples,

e de pouco me importa as vozes e luzes indiferentes,

se desabam por sobre mim noites de chumbo

eu dou-me de peito nu às manhãs nascidas com auroras de espinhos.



Sacio a sede na rosa

pétala a pétala descubro sedes maiores,

sou na flor o desejo polinizado, a terra ardendo no desejo do arado,

alimento o fogo com todas as indiferenças espúrias,

lanço à terra o húmus no campo das roseiras, do vento sei o nome que ele esconde,

no vórtice da tempestade clamo de voz feita carne palpitante,

nomes de coisas, nomes de seres, todos os nomes num só,

nomes em que sei nomear o amor, nomes com nome próprio.



Se digo fruto interdito, céu no meio d`um abraço, ou vulcão activo

com lava em rosas amarelas, falo por dentro de silêncios escutados,

falo no mistério de saber por dentro do olhar mais verdadeiro,

brindo com o mais sublime vinho em excelso cristal ,

sagro o nome, a figura, a Mulher!

Demoro-me no enunciado da paixão

beijo a rosa no róseo de perfeitos lábios

decanto o amor no cristalino acto anunciado

e descubro-te na casa das harmonias eternas.


Dionísio Dinis




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