poema de Rehgge Camargo declamação de José Silveira
O CANTO DO UIRAPURU
Daqui só eu o escuto Meu uirapuru esquecido Em meu nicho insondável, Mas se estivesse aqui Neste canto agradável Por ti nascido Apenas seria, Apenas seria Só mais um canto Só mais um em desarmonia.
Me vejo de lá Me vejo De pureza temerário Triste, solitário, Não seria a vida Apenas um canto Num 'canto' imaginário?
Canta uirapuru , canta A nossa lida ordinária, Canta que inda te vejo Na floresta temporária.
"Canta, canta Canta e dorme, As luzes se acendem Sob as luminárias; Canta, canta Canta e dorme Se já não durmo Em poesias várias."
Ah! Se eu fosse o passaredo Daqui não precisar Conviver com esta gente, Ser igual ao uirapuru Que distante canta triste Mas vive alegremente...
Ah! Se daqui eu cantasse somente Sem rosto Sem ser pássaro Numa melodia em torrente Que me saísse do peito E um coral cantasse À vida ausente!