Serpente

Data 16/08/2023 00:45:18 | Tópico: Poemas

A noite agita com lentidão seus espelhos na minha insônia
Observo aquela mulher desnuda entre objetos do quarto
Meu coração noturno se incinera entre frias samambaias
Meu corpo torturado é presa fácil de tão onírica imagem
Essa divindade me sorri com seus cruéis e brancos dentes
Sinto a fragrância de menta e mel que de sua boca emana
Os rubros lábios entreabertos são o estopim de meu fogo
Para num ato de magia atravessarmos todas as fronteiras
Gira-se preguiçosamente a consentir entrever-lhe os seios
Eis a misteriosa serpente, suas doces auréolas a um passo
Rosas imaculadas na brancura da pele e seu tenro ventre
Serpente de olhar catastrófico, dona de minhas miragens
Deusa nua, quadris curvilíneos, arquipélagos de perdição
Que se filtra por entre as fendas abissais as quais admiro
E de vales a colinas ferve-me o sangue de príncipe animal
Que convida este lobo selvagem para lhe habitar o corpo
Criatura amada e exótica, tocas a minh’alma de tão longe
Rompe estas correntes e abre-me passagem a teus braços
Desdobres tuas asas demônio cativo, recebe-me, sou teu





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