A noite agita com lentidão seus espelhos na minha insônia Observo aquela mulher desnuda entre objetos do quarto Meu coração noturno se incinera entre frias samambaias Meu corpo torturado é presa fácil de tão onírica imagem Essa divindade me sorri com seus cruéis e brancos dentes Sinto a fragrância de menta e mel que de sua boca emana Os rubros lábios entreabertos são o estopim de meu fogo Para num ato de magia atravessarmos todas as fronteiras Gira-se preguiçosamente a consentir entrever-lhe os seios Eis a misteriosa serpente, suas doces auréolas a um passo Rosas imaculadas na brancura da pele e seu tenro ventre Serpente de olhar catastrófico, dona de minhas miragens Deusa nua, quadris curvilíneos, arquipélagos de perdição Que se filtra por entre as fendas abissais as quais admiro E de vales a colinas ferve-me o sangue de príncipe animal Que convida este lobo selvagem para lhe habitar o corpo Criatura amada e exótica, tocas a minh’alma de tão longe Rompe estas correntes e abre-me passagem a teus braços Desdobres tuas asas demônio cativo, recebe-me, sou teu
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