Estranha Arte

Data 17/08/2023 11:03:54 | Tópico: Poemas

Trazia no peito cansado uma certa angústia,
Um desespero na arte estranha do viver
Não cria nas instituições, nem nos sonhos
Era apenas uma máquina antiga de escrever.

Revivia cada dia como se fosse o dia de ontem
O presente lhe era incerto, indireto e torpe
O futuro era o que poderia ser, ou não...
Por isso vivia alimentado pela falsa ilusão.

Queria por que queria o álbum de fotografia
Da sua família para mostrar para suas filhas
Para reviver os dias de glórias novecentistas
Quando tudo era indeciso, duvidoso e colorido.

Eram os seus olhos de meninos que distorciam
O mundo, assim como a matéria distorce o espaço.
Achava que a felicidade morava dentro de uma ilha
Mas, já crescido, percebeu que estava a uma milha.

Então seu coração era a quilha que singrava o oceano
Da razão a procura do novo mundo que era fantasia
Naufragou numa praia após navegar durante um ano
E não percebeu que aquele ano equivalia a um só dia.



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