
Petricor
Data 18/08/2023 12:57:29 | Tópico: Poemas
| Estou acordado, ouço alguém que me fala, mas não está Na televisão no móvel exibe-se gestos e imagens sem som Talvez eu recorde disso mais tarde, não quero isso agora O livro jaz sobre a mesa de cabeceira desde aquela noite Os cogumelos brotam no campo entre as flores coloridas Devo anotar isso e não esquecer. Esquecer o quê mesmo Ah, é um sonho e no sonho sou o pintor pintando versos Não creio que seja inútil, porém que não tenha utilidade Os relâmpagos iniciam a chuva e a escrita é tão distante Lá das ruas vazias, o petricor se espalha em meu quarto No sonho estou seco e abrigado e a chuva ocupa o olhar Que recobra essas todas imagens de lá de fora da janela Janela translúcida, sentimentos opacos e intransferíveis O cavalo que passa a galope esconder-se da tempestade Ao longe, beirando a estrada, vejo umas cruzes brancas Onde a chuva molha o asfalto, mesclando-se às lágrimas Volto à cama, ao real que permanece gravado na retina
Petricor é o nome que se dá ao cheiro de terra molhada pela chuva.
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