Na fria tarde de outono

Data 01/09/2023 12:37:27 | Tópico: Textos -> Amor


Naquela fria tarde de outono,
O sol espreguiçava no céu
Parecia que não queria ir dormir…
O vento soprava do sul
E as gaivotas apressavam seus voos
Rasantes, para irem aconchegar-se
Nos seus ninhos, fetos de galhos
Que pareciam arranhar os céus.
Não muito longe daí,
Uivavam lobos famintos,
Que empurravam o sol para o poente
Para iniciarem suas caças.
Absorto nesta minuciosa observação
Do poder da natureza,
Esqueci-me da Maria, minha namorada,
Que penteava o horizonte
Com seu aguçado olhar. Fui acordado
Desse sonho real pelo abraço e beijo
Molhado dela. Olhei para ela e vi
Tanta felicidade em seus olhos
De menina amada, pois amava-a
Com todo o amor do mundo.
-me abrace, meu amor – inqueriu ela
Tomei-a nos meus braços e rolamos
No ciumento chão do prado,
Que resmungava toda a tarde
Por baixo dos nossos pés.
O sol ia a pino no horizonte
E o céu ensonado, piscava olhos
Às estrelas acabadas de acordar,
Envoltas no manto de nuvens
Que fugiam da fúria do vento,
Que varria os céus.
Abraçados, observávamos o por do sol,
Que parecia dizer-nos “Adeus, amanhã
Será outro dia”.
Tudo parecia estar em profundo sono,
E lá estávamos nós naquele pedaço
De terra, que guardava nossos segredos,
Para serem lembrados no paraíso
Das lembranças.
- É hora de recolhermos ao nosso ninho – disse ela
- Claro meu amor – disse, e ela olhou para mim sorrindo.
Enlacei meus braços na sua delegada cintura,
Olhei para ela com olhos d’alma e pousei
Meus lábios nos seus lábios de mel e,
Abraçados, fomos aquecer lençóis da cama
No nosso cubico.
...

Adelino Gomes-nhaca


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