Velejo às águas tranquilas

Data 08/09/2023 20:24:53 | Tópico: Poemas -> Amor


Quando o suave murmúrio da brisa campestre desalinha os meus cabelos, e toca a doce melodia do meu sorriso, todos os ruídos e tempestades se esvanecem como quando se levanta voo e se batem as asas em liberdade.

Quando no meu peito aberto, um charco de emoções desce suavemente à raiz do meu caule, ergo-me graciosamente como se a primavera se vestisse de branco e dançasse a dança da paz numa coreografia lenta.

Quando nos Teus olhos o brilho se veste de sintonia, os meus olhos tocam os Teus e Tu Te vestes de maresia, invento um cais, meu porto de abrigo e velejo às águas tranquilas.

Quando por fim me habitas como se não houvesse frio, estendes-me a poção mágica da ilusão num copo e bebo devagar estendendo o silêncio como se o tempo fosse todo nosso, e iludo-me quando acredito que tudo vai passar, mesmo sabendo que nada passa, tudo fica registado na história como chaga viva, em memória, este luto infame em permanente ilusão, vestido de esperança.

Alice Vaz de Barros


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