Data 21/09/2023 23:47:59 | Tópico: Poemas -> Sombrios
Foram tantos e tão longos os caminhos vazios desta vida Vagas estrelas da noite carregam seus nomes em segredo Enquanto o vento sussurra pela porta aberta das noites O cão da ausência uiva para a lua escondida pela nuvem Persiste na boca o sabor amargo das partidas sem adeus Que resta quando a dor sobe do inferno fundo da alma
Os navios deixaram o cais e viajam suas distantes rotas Entretanto a mulher que eu amaria já pertence a outro E nos ventos díspares da madrugada, minha cama vazia Exala um cheiro de bergamotas sob o lume de silêncios Luz, estrelas e estradas, um constante perder e ganhar Renasço nas palavras mortas com um resto da infância
A vida passou, nem percebemos quão rápido acontece É ora alegre ou ora severa como comandem os cordéis Mas olhamos no espelho e vemos o quanto já mudamos Uma figura lívida que serpenteia e trespassa todo azul Nas alvoradas que as memórias nos darão conta enfim De quanto abrimos mão por algo que nem pôde existir
As sombras da noite brotam pelos cantos e são ligeiras Espalham-se qual o asfalto molhado das ruas solitárias O relógio desenha círculos com seus negros ponteiros A mover-se entre os números e as correntes douradas Um bando de aves exóticas grasna pela hora alarmada Para despertar do sonho e dizer que é hora de morrer