Intempérie
Data 10/10/2023 14:36:37 | Tópico: Poemas
| Desde que partiste na calada da noite silenciosa e vazia O abandono cresceu incontido, que já quase te esqueci Memórias de solidão reunidas qual escamas justapostas Que se desprendem uma a uma, até que não reste nada
A realidade é o silêncio reiterado, é a morte recorrente Feixes de luz sem brilho, no rio volátil do esquecimento Foi o que restou, quando renunciaste de tantos sonhos A buscar o que parecia paraíso, na estrada do vil metal
Mas o que nos difere, nunca foi o que a vista pôde ver O que me abismou foi julgares o menos qual fosse mais E hoje derrotada, inerme e prostrada, esperas pelo fim Que para teu desespero nem vem a dar cabo dessa dor
Porque não vistes, no teu mais íntimo, toda a alquimia Que um dia nos cercou e tatuou-me a vida no coração A vida que querias fosse um breve sopro sub-reptício Mas pelo destino ou por desatino segue outra direção
Na paleta de tua escolha, realçaste a mescla ambígua Das cores que se confluem ao negro, do céu sem luar Como um véu infinito além dos sonhos que olvidastes Sem ver que não foi a intempérie que te tornou frágil
No melhor dos casos é não termos nossa mão, já pálida A pender, fria, de um saco preto entre desconhecidos
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