O desaire das coisas imóveis

Data 28/10/2023 15:33:48 | Tópico: Poemas






Ganhei as raízes do salgueiro
Nem a salgadeira do rosto
Secou o tronco nu
Após tantas iras do outono



Há muito que espero
O amor

Um dia pensei que surgiria como cotovia nos meus galhos
Mas o que apareceu foi um corvo nas noites de lua vazia



Houve um tempo, que pensei que surgiria montado num cavalo
E descansaria aproveitando a sombra dos meus braços
Contudo, o que apareceu, foi o burro do senhor Quinas a cagar que nem um leopardo



Isto é a vida de um Salgueiro-chorão

Abriga do sol quem se aproxima

Menos o próprio coração









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