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 NecrópoleData 15/12/2023 01:35:41 | Tópico: Poemas
 
 |  | Queria só saber o que te encerra Em estranhos labirintos e castelos
 Feitos de tantos sonhos singelos,
 De pseudos-conceitos e quimeras.
 
 Queria saber o que mais te agrada,
 O que seria para si motivo de alegria:
 O amanhecer rosado do novo dia
 Ou a filosofia fria e barata?
 
 Queria saber o que mais te abomina,
 Aquilo que te fere deveras e te mata:
 Seria a falta de bordados nas entrelinhas
 Ou o excesso de hipocrisia na fala?
 
 Vejo-te como uma grega e antiga estátua:
 Nariz refinado, dedos imortais, cinza e fria.
 Às vezes vejo-te como uma porcelana rara,
 Uma jarra bem trabalhada e bem esculpida,
 
 Porém pobre de marré deci e vazia,
 Oca, sem água ou outro tipo de líquido.
 Talvez seja somente esse o motivo
 Que eu confesso, eu confesso que não sei.
 
 Talvez seja um quadro de Dorian Grey,
 Um espelho de maga malvada da Disney
 Ou quem sabe um rio refletindo Narciso.
 
 Tomara que um dia te nasça florido,
 Que amanheça sorrindo e chamando
 Os bichos de amigos
 E de amor, como dizia aquele antigo cantor...
 
 Que o caminho, mesmo comprido,
 Seja um imenso pássaro sonhador
 Que te leve pelo espaço infinito
 Para além da linha do Equador
 
 (Que lá esteja seu verdadeiro amor)
 
 Onde moram as plantas gigantes
 E sol se esparrama pelos terrenos amarelos,
 Onde são mais bonitas as montanhas e
 as manhãs
 Onde as borboletas são mais assanhadas
 E mais gostosas são as maçãs.
 
 
 Espero que possa quebrantar esses elos,
 Essas espessas correntes que te prendem
 Em castelos
 De estranhas geometrias e de pesadas rochas.
 
 Faço votos que em teu colo acendam as tochas,
 Em lenhos, exalando oásis no teu triste deserto
 Para que teu espírito opaco receba refrigério.
 
 Que o Cupido fleche as fibras do teu peito
 Acendendo luzes no quinto ciclo do teu inferno
 Removendo os limos e as lápides do teu leito
 Submerso no mais fétido e obscuro cemitério.
 
 
 
 
 
 
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