
Quadratura do circulo
Data 11/05/2008 17:17:46 | Tópico: Poemas
| o vício retumba na desordem consentida estilhaços de uma vida em estaleiro permanente. enche o ventre de branco enche o copo e este transborda materializa a linha recta do horizonte que dobra no calor da forja. circular agora na quadratura do circulo.
cansam-na
gruas de pernas rombas guindates arriscados empinados ao céu
finge-se poeta profeta do devir
satisfaz-se da sede em águas salobras e, na sua falta bebe d’ outras, das insonsas, em conchas sempre flutuantes como cascas de nós; mastiga o vento que lhe vem gélido do norte e que lhe rasga a alma; desfarda-se d’hecatombes e de ramas outras que não as suas próprias palavras
cansam-na sinopses do vazio aquelas em que se masturbam os gigantes armados em Bonapartes, a arvorarem aos sete ventos os sexos das conquistas e dos feitos como perfis de aços engalanados no cais dos barcos [imbecilidade de não ver que armadas invencíveis já pariram há tanto tempo…] bobos de corte ou marionetas de trapos ataviados em laços largos aos pescoços de gansos: garatujos cantantes.
arisca, remexe-se indolente no sofá da sala, faz zapping e detecta um a um os emplastres da meia praia da praia parada como uma onda gigante ou jangada de pedra aqueles que disfarçam a nudez dos pontos cardiais com neblinas tridentes
ai esta bebedeira bastarda este ópio dos “fortes” em que se apagam as estrelas e incendeiam horizontes de ventos estes emplumados a tocar rebecas em danças de quadris
imbecis!
a poesia é outra é baba a escorrer-lhe nos cantos da boca
que farei para o jantar? já sei, hoje comerei veneno de ratos: trigo roxo no prato e o desconsolo dos tempos.
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