Ponto final

Data 23/01/2024 16:46:24 | Tópico: Poemas

Demasiado novo para morrer velho
diz o feliz para o infeliz.

Demasiado velho para morrer novo
aventa quem lamenta.

Um e outro cercam-se de idade,
de anosas purgas e rugas,
de bolores e odores,
que a pele não repele

Abrem-se as feridas
e selam-se as mortas vidas
a galope de alazão,
rápida bala de canhão
que rasga do corpo ao chão.

Não é por acaso,
o ocaso nunca é por acaso.

Demasiado velho e já estorvo,
abraça-se ao corvo,
bicho preto de voo irrequieto
preso entre as paredes e o teto.

Falece e arrefece na cama,
envolto em fina mortalha dama.

Foge-lhe a alma
e assim a ave acalma.

Valdevinoxis


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