DESAGUES DE MARÇO

Data 11/03/2024 16:59:15 | Tópico: Prosas Poéticas

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Insone mais uma noite, mesmo assim despertei cedo e me permiti ficar deitado por mais algum tempo na cama aguardando a chegada do desjejum para só depois eu administrar-me os fármacos, obrigatórios até então...
Alteio a cabeça com um terceiro travesseiro e pequena almofada conseguindo o melhor ângulo para admirar o tempo através da janela se transformando de madrugada alaranjada para manhã de céu azul claro brilhante...
Lá ao fundo, avisto com facilidade a metade da serra num trecho ainda desabitado em que vejo claramente os tenros arbustos e dança do vento das braquiárias disputando um mínimo de clareira que as árvores e seus esverdeados galhos teimam sombrear...
Chegando o mês das águas, aguardo no mesmo local as chuva virem se formar como todo ano um tênue veio d'água que o reflexo do sol matinal o transforma numa língua dourada; serpenteia célere, viva, efêmera pelo declive...
Aceito, mas me-é desanimador não poder mais axistir de perto a beleza dessa transformação da natureza, de não mais conseguir subir até lá, chapinhar os pés descalços na água fresca, demorar nos goles e saciar a sede trazida pelo sonoro marulhar  toda vez que eu acessava o bruto aclive... Repentinos e incomuns; trovões, raios e uma chuva densa numa quase ainda alvorada me obriga fechar a janela e encerrar meu admirar. Cerrei a cortina roll on black-out, e o sono me abraçou...


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