CRIANCICE

Data 14/03/2024 17:46:58 | Tópico: Prosas Poéticas

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Setenta anos mais ou menos separam a remota lembrança, Normênia; professorinha do segundo ano Primário, era também exímia acordeonista; paixão de quase todos os meninos da escola, mas não por ensinar ou tocar acordeão; por tesão, se é que se podia assim definir de já terem aqueles sacanas mirins de tão tenra idade... Uns fedelhos! Dessassossego quando no recreio ela desfilava pelo pátio daquele estabelecimento de ensino com sua lancheira, não se sabia se propositadamente; sentava num dos bancos à lateral da quadra esportiva expondo aquelas tão belas pernas aveludadas, enquanto absorta, consumia sempre o mesmo lanche; pão ázimo, chá verde e u'a grande maçã vermelha, brilhante intenso quando friccionava-a na lateral da mini saia xadrez... Parava o jogo dos meninos que se perfilavam à tela de proteção como bando de andorinhas abobalhadas. Quando anunciou que se casaria e mudaria de município com o futuro marido foi a decepção coletiva que mais afetou o comportamental da meninada; nem a morte do diretor assassinado por um consorte traído entristeceu tanto os dias letivos sucedidos... Férias, volta às aulas, quando a classe foi surpreendida com a apresentação da nova preceptora; Iris, musa enviada pelos deuses, e o céu desdobrou-se nos ares e nos olhos atónitos de cada um... Imediatamente Normênia fora esquecida.


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