Não sei peneirar o vento Nem cortejar o tempo. Ah! Se o tempo soubesse Quanto vento beijara minha face, Pintaria meu cabelo com o branco da neve
Não me esqueço da lembrança Do velho sorriso das primaveras vividas Nem da língua do vento, Que lambe minha face Nos passos do tempo por vencer
Há mil e uma coisas pra esquecer E jamais lembrar: Malvados sorrisos na doçura dos lábios Amargor das lágrimas nos rios d’água doce Risos das meias verdades na boca do vento
Se a lembrança fosse feita pra lembrar, No tribunal do arrependimento Correriam rios de lágrimas, Só por lembrar o que não se queria lembrar No presente das lembranças destrancadas
Lembrar é reviver o passado no presente E lançar isco ao futuro, Qu’ora foge com pés do vento, Ora pisca olhos ao observador atento Aos passos do tempo no tempo