OBSOLESCÊNCIA

Data 21/05/2024 13:48:46 | Tópico: Sonetos

OBSOLESCÊNCIA

O meu tempo se foi sem que atinasse:
Eu, quando dei por mim, já não servia.
Como a viver senão de nostalgia
Ou de quinquilharia eu não passasse.

Obsoleto de todo, quanto olhasse
Tão-só faria ver sem serventia
Cada mínima coisa que eu fazia,
Se co'a devida luz m'examinasse.

Quando não parvo, há anos sendo usado,
Passo agora por traste, abandonado,
E resto entre outras tantas bagatelas.

O meu tempo passou sem que soubesse.
Que sou senão memória que s’esquece
Ou outro fauno evitado por donzelas?

Betim - 20 05 2024



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