restos, detritos e atritos

Data 29/05/2024 05:41:36 | Tópico: Poemas

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A minha saia era cor de laranja
Rodava redonda à volta da perna
Cor de comer, fruto maduro canja
Sentia o sofrer, dançava eterna
Sem querer bater no dia lanterna
Sem poder falar sobre a hora certa
Com ganas de vingança foi fraterna
Nada disto a fez ser menos esperta
De nada valeu a roda descoberta
Serei eu o astro do buraco negro?
Cadastro de vela de cera aberta
De bela chama deserta em quebro


Fui, decerto, um meteoro em queda
Meteoritos nada, só moeda



Na morte da sorte uma bala acerta
Um bruxedo do medo faz um zebro
E eu quero meia chama entreaberta

A desgraça é ágil, sabes São Pedro?
O azar é sagaz como desconserta
E o infortúnio um decaedro


Um são pão sorvedouro assim me arranja
Restos detritos atritos caverna
E vomitando discursos hiberna
A talha dourada magra de franja

Menstruo líquidos limpos de esbanja
Choro sangue em coágulos moderna
Coro pálida exangue subalterna
Com unhas sem dedos como uma estranja


É de servente a minha letra azeda
De uma doente crente em labareda











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