
oiço meu nome na boca do Espanto
Data 24/06/2024 14:18:39 | Tópico: Poemas
| oiço meu nome na boca do espanto ao ritmo desespero, grego fóssil tremes da dor vil que te molha enquanto e ensurdeço, esmoreço sem dó dócil
adeus! não quero. adeus! falta tanto... deus? és tu? quem és? olha por mim vil criatura ausente. horas sem pranto o tempo parou. nós. dois. sons a mil.
teus olhos lavam meus dedos salgados imóvel. tu. o relógio daqui? vou buscar. vou levar. vou, vou. os dados... os fados ou o destino. desgraçados de nós, avariados. ainda aí? e toco teus cabelos ondulados.
plantei-me. reguei-me e cresci florida nadámos até à foz de cada rio voámos pelas serras toda a vida e eu, árvore filha, sinto-te o frio. e eu dei a minha mão esquerda à mais nova a direita presa à que me seguiu atrás de nós, a ti a alma que engloba a seiva sagrada que nos nutriu. deus? deixa-nos a paz, deixa sonhar quem ousa crer no nascente, não pode ver só a lua de metade e sem par não pode, não quer, consegue ou implode
deixaste um livro aberto em pausa, meu sangue. minha voz. vem fechá-lo, é teu

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