fragmentos quase perfeitos

Data 07/07/2024 00:58:35 | Tópico: Poemas




I

às vezes sou uma montanha
que não permite que ventos
fustiguem berço
de sementes
ainda em sono profundo

II


quase sempre
esparramo-me
planície carregada
de sementes
sujeita às
varreduras do
vento

III

deixo-me perfumosa
e sedosa mas um dia
ainda serei rosa
da cor do sangue
na ponta
dos espinhos

IV

em contornos
noite adentro
surge arvoredo
na colheita de
pétalas
meus dedos

V

o vento entrega a poesia
de voz e violão
endeusa a noite molhada.
a ponta acesa de um cigarro
rabisca o escuro
no tropeço de um vulto

VI

minhas passarelas não são
exclusivas para ramos,
flores e pássaros
urtiga também desfila
avultando tons ardidos
nos desavisados.

VII

nas incongruências dos ciclos
dirijo a situação quase com perfeição,
quase sempre
tem situação que me deixa
perdida numa estrada qualquer
de ilusão.

VIII

deste lado
um lago quis ser azul
mas verde é tudo o que é

quão imaturo é por não
se tingir de outras vestes




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