A Carta que Nunca te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte XXXVIII)

Data 11/07/2024 17:11:54 | Tópico: Poemas

Embrulhei num ósculo mais um aperto de braços ao teu peito, e fui por aí contando a toda a gente que te tinha encontrado. Sem saber porquê esqueci-me do odor leve do teu perfume a flores selvagens, mas nunca do teu olhar que se foi perdendo constantemente entre nós dois. Voei sem rumo quando quis sonhar contigo, e depois connosco, com o teu olhar efémero no meu, também nosso.
A saudade era assim no tempo em que os jardins se cultivavam nas minhas mãos e floriam regados com as lágrimas que guardei de ti e para ti, aquele aperto de braços era cada vez mais forte e num grito contou-me todas as histórias que nunca tinha deixado partir. Foi ali que me deste as mãos pela última vez, num desejo.
A paisagem que, lenta, se ia deitando por detrás do por-do-sol, escurecia e de mim levava apenas uma sombra, não restava mais nada, tudo o mais era pó... e o dia que nunca mais acordava.


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