
Nunca o adeus temporão
Data 30/07/2024 17:08:46 | Tópico: Poemas
|
Ofereceste-me o adeus. Um adeus com nós nos dedos. Solto com a mesma solidão, do pastor que reúne a vazia vastidão. Um adeus certo da certeza de adeus. Deixaste-me um adeus prematuro. Sussurrei, o teu adeus. No instante. Longo e pausado. Caído, empalideceu-me o peito. Deste-me a mão. Vinhas com a palavra entre o rasgo dos dedos. A da recordação e a da lembrança. Um adeus versado de ausência para a ausente. Outra vez, deste-me a mão. Sentiste o mistério da lágrima, que em lágrima não lacrimejou. Com o pudor da coragem, recebi o adeus. Senti-me (in)finita de mim, como na união umbilical. Até ao adeus. Até ao último. Sendo o adeus uma oferenda, nunca seja um adeus temporão.
|
|