
Orquestra (22ª Poesia de um Canalha)
Data 06/08/2024 10:37:07 | Tópico: Poemas
| Enquanto um violino chorava lentas melodias Assim vergastado pela crina do arco domado As cordas esticadas por finos dedos maestros Em dor harmoniosa que me embalava os dias Eu escrevia-o num vago olhar vazio e pautado E dançava-lhe valsas e polkas de tons sinistros
A sensualidade da harpa dedilhada por musas Contraiu-se no beijo apaixonado dos amantes Entre seus doces e noturnos abraços fecundos Um delírio divino escorrido de orgias confusas Entregou-se a uns gritos melados e ofegantes Nesse prazer conjunto dos nossos dois mundos
Aquela percussão ritmada do bater dos corações A acelerar toque a toque entre carícias e desejos De mãos laçadas como as fatalidades do destino Fervilhava nas veias com o sabor de tais canções Espaços ainda mais curtos tinham novos ensejos Tanto amor maior que amor trazido em desatino
O arfar pesado da tuba escondia-se naquele gosto No sentir aliviado de abrir os olhos e ver a beleza Que também o dia acordado era real e não sonho E que desse sol que a lua acordava em doce gesto Brilhava no peito um delicado som de tal certeza Ter também no dia de amanhã um olhar risonho
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