O perfume cálido do jasmim preenche o ambiente A selva lá fora enorme, aqui um fragmento de sol Em tudo fui criado em antigos rituais de inocência O barulho da tarde, cresci no murmúrio da grama Onde todas histórias vieram dançar fronte a mim Dentro da noite sou sombra, escuridão eloquente Palavras ácidas que devoram o sigilo dos sentidos Neblina que turva a visão, entorpece os sentidos Mas em cada verso sobrevive um abraço apertado Ainda que para vencer a estrada, sigamos pisando A lama enxarcada de lágrimas sob a lua de agosto Do cadafalso, da guilhotina, da videira e o sangue Da história repetida, o louvor apagando o aqui só Mas o ontem ainda está vivo, ileso no seu pedestal A boca cheia de estrelas, negando nosso inferno O poema é a cicatriz que ficou onde era a ferida O eco indiscreto repete o que não deve ser dito Na rua quatro, no jardim na esquina com a cinco Divago, sentado à janela, com a caneta nas mãos Entretanto, calar-me não me afigura ser possível A mudez é aquilo que em si nos torna cúmplices
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