
BIOGRAFIA
Data 03/09/2024 20:54:25 | Tópico: Poemas -> Esperança
| Ouvi o vento nas árvores, Ouvi o canto dos pássaros, Ouvi a chuva. O chuá da cachoeira.
O cheiro do afeto, das flores e do afeto O cheiro dos bichos, do vendo e da chuva, O cheiro do esgoto e da podridão.
Vi o mar, o por do sol sobre as nuvens, Vi a semente nascer, a árvore crescer e florescer, Vi o dia amanhecer, e cada momento acontecer.
Comi o lanche de esquina, Comi o fruto no galho, Comi a ceia de Natal.
Corri a pé, de bicicleta, para pegar o ônibus e o avião Corri dos problemas que me alcançaram Corri por correr, do poder, e para encontros em vão
Dormi na rua, à luz da lua, Dormi no chão, cama de papelão, Dormi como rei, onde só eu sei.
Sonhei acordado, sentado, em pé, isolado, Sonhei que voava, me perdia, e que caia, Sonhei que acordava feliz, sem saber o porquê.
Trabalhei no que detestava, Trabalhei no que eu queria, Trabalhei uma semana em um dia.
Senti a dor, o prazer, ossos quebrados e meu coração partido Senti o sabor do sangue e da luta, suave ou bruta Senti a derrota, e venci a mim mesmo.
Sofri a escuridão da ilusão, Sofri com a esperança e a gratidão, Sofri com a falta, com o excesso e o sucesso.
Chorei a perda, o adeus, a presença Chorei o riso que nunca veio, Chorei o passado, o presente e o futuro, irreal.
Caminhei sozinho, ao relento, Caminhei com amigos, em festa, Caminhei sem prumo, nem rumo.
Amei, fui amado e odiado, Amei em silêncio, sem nada a dizer, Amei o impossível e, por sofrer, sobrevivi.
Escondi a infância num abismo estreito, Escondi a alma num cofre com defeito, Escondi todas as chaves em meu peito.
Aprendi com o tempo, sem bússola e norte, Aprendi com a dor, a ser mais forte, Aprendi que a vida leve é sorte.
Abracei o medo da morte, Abracei a solidão, na multidão, Abracei o tempo, a cada instante segui adiante.
Cantei o amor, e a tristeza, Cantei a paixão, e a beleza, Cantei à plebe e à realeza.
Vivi metade da vida, perdida, Vivi a chegada, pulei a partida, Vivi apenas. Essa é a vida!
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