
Olhar Cego nº 01
Data 13/09/2024 18:26:57 | Tópico: Poemas
| [Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]
pinóquio
eu acredito mesmo que a minha glote se tinja de vazio mesmo que os meus gestos sejam hábeis e falsos, como duas mãos unidas numa missa vespertina
reconheço-o na jaula de um circo no ventre de leviatã na mais perfeita claridade dessa falésia que sempre busquei
pressinto-o nas baias de cada parágrafo nas serifas de cada glifo no seu corpo fuzilado de pingos de tinta sobre gesso
a brisa da meia tarde sobre a sua pele de fórmica as folhas douradas no campo dos milagres
a multidão de boca aberta tudo fraude? vanitas vanitatum?
e serás tu de azul desmaiado a revelar essa verdade?
sabes o que sou, sabes o que fazer
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