
Olhar Cego nº 32
Data 29/09/2024 17:19:16 | Tópico: Poemas
| [Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]
O sal não magoará tanto como a saudade
Na pele do papel, A dor escorre, A tinta da lembrança De uma vida que se apagou Para aquela menina de cabelo curto, Que preenchia os dias Com latidos e travessuras.
Filha de estimação, Guardava a família De tudo o que surgia, Até dos insetos rastejantes, Sem falar dos lençóis que dançavam Ao sabor das correntes.
Era a nossa imperatriz das lambidelas; Corria com o chão nas mãos Em direção aos nossos braços, Como fazem os soldados Nos regressos.
Agora, Aqui, Nesta tela, O reflexo das águas Embaça as letras, E as memórias Dilatam as veias.
Aqui, Perto do peito, A maré da saudade Permanecerá cheia.
Não haverá magreza nas vagas;
E na arrebentação do coração, Soará o ladrar Do seu amor, Como um eco do nosso…
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