Da habitabilidade dos corpos

Data 11/11/2024 15:05:36 | Tópico: Poemas


Acredito que a palavra existe,
para lá da imobilidade do olhar,
nos momentos em que a tua voz desliza,
branda e quente, a entranhar-se
na sede das mãos. Ouço-a
e acorda-me o tempo, por baixo da pele,
num amálgama de cinzas luminosas.
Diria que, nos teus dias
de esquecimento, transportas somente
uma parte de ti e que nas veias
te cresce ainda
a árvore das boas memórias. Porque
a carne segue raízes de sangue
e de lágrimas
e a luz brota de dentro, a refazer os corpos
em espaços habitáveis, ou a moldar
o gesto informe do silêncio.





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