A faca afiada de três gumes que recorta a letra Com dois dedos de conversa perdidos na mesa Em redor de um copo meio vazio de vinho tinto Vai suave na última página que o olhar penetra Acutilante e sagaz como acrobata com destreza A esvoaçar nos céus puros d'um circense recinto
O opulento verso aí recitado cheira a reticências Deixa tudo numa rima de nós, contigo e comigo Desejo incapaz de se amar em tempo de guerra Desabrocha destas mãos em doces experiências Espalha-se pelo chão adormecido no peito amigo Onde em estranheza e por ódio a faca se enterra
O relógio que ainda não parava em longo caminho Acerta os ponteiros com os nossos torpes passos E sedento quer conhecer-te aí ou encontrar-te aqui Sentou-se num beijo onde se deixou sossegadinho A contar-te duas palavras escritas em tons bassos E a outra meia dúzia de esquecimentos que perdi
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