
Dum Caldo de Pedra Branca
Data 11/12/2024 14:21:11 | Tópico: Poemas
| Não se sabe se panela se panelão a que lugar ficava do chão havia lume sempre brando, havia a água mais de meio uma pedra lisa, lavada, branca, com asseio.
Não se sabe se homem, se mulher trazia na mão uma colher que mexia E cada estranho ou vizinho que passava queria saber o que se cozia
É um caldo e uma pedra tem e todos o olhavam com desdém. Mas tinham da praça compra feita, um centésimo o panelão aceita.
Meia batata, lavada e após descascada uma ou duas pedras de sal grosso nabo e nabiça, um bago de arroz, osso um naco de chouriça, a panela armada
Uma folha de couve, meio nada de massa, o que houver Um resto de alface, feijão um grão três favas, umas ervilhas, tudo engrossa o papelão, que mais parece que escavas uma poça de maravilhas.
Fumega ao lume, não se nega o perfume Caldo com um traço de pé, de pedra, de orelha Do que saía do céu e da terra se assemelha Que crescia e cresce sem queixume
Não falta a cenoura que a medo uma deixa Leva uma arroba a meio da carroça na saca Ela bóia junto da pedra branca como madeixa E com a pedra ao lado fica doce e fraca
Raspa aqui, ali raspa, leva tudo dado o que é leve Se se pode comer, certamente não é lixo Não se estraga, com a fome no mundo não se deve Onde se não se cuida, bicho come bicho.
Com o panelão cheio até cima desde o fundo Acabou o segredo da pedra, saída a bom sair Estava ao lume na água e outro mundo apenas para este não verter, tombar, cair...
|
|