Para Benjamin Pó (57ª Poesia de um Canalha)

Data 25/12/2024 18:36:08 | Tópico: Poemas

Crispam-se as mãos com um sabor da terra
Castram-se das letras sabores d'igual besta
Rasga-se do verso um epitáfio de ódio puro
Engasga-se nos passos do homem que erra
O último dia antes do fim qu'ainda lhe resta
Amanhã será sempre tarde demais o futuro

Dir-me-ás o que não te quiser dizer o amor
Que jamais serás o tal que arde sem se ver
O sangue já pardo que das veias nos corre
Seca-nos a memória numa quimera incolor
E dela a vontade de voltar a esquecer e ser
De um metade d'outro passado que morre

Sede louca que este tórrido deserto me faz
O silêncio que me cobre a noite e o seu frio
Este corpo sem sentido é uma lágrima tua
Verbo impropério de sua graça que aqui jaz
Mar a escorrer bravo e alegre da foz do rio
E tu que vives náufrago de uma página nua


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