Abrem-se persianas e janelas. Abrem-se os olhos. Para ver o dia. Mas cegos, ouvimos o silêncio das nossas pálpebras, o ritmo da manhã sentida, a luz que nos alumia.
Sou porta, não sou janela. Saio e entro de pé. Saio e entro pelo mesmo sítio. Saio e não entro mais. De pé.
Silêncio. A tarde passou. É noite do dia calado, emudecido. Cego.
Beber xarope de ópio. Fumar não custa. Tocar e contar barbitúricos. Morrer atropelada por quem os transporta. Apanhar os barbitúricos derramados e apanhar a morte.
Quem é?
Cega, agora surda. Porta, não janela. Abriu para dentro. Fechou para fora. E nunca como agora se viu tanto vazio, tão pouco, espalhado num chão de gravilha, ouro e latão em mistura, numa matilha, sem candura, só loucura.