Sei que estavas por aí longe e perto de outro dia À distância de nós dois ou de tudo e quase nada A olhar-me a mim e a ti, a escutar-te nesta voz Escondias nas mãos o bater ofegante da alegria Noutra página o olhar puro de miúda engraçada A pintar-te sorrisos que enfeitiçava os dois a sós
Faltam-me as letras da mão que nos escreveu Céus decorados a verde campo e azul-marinho Da cor de alguma terra que ali nos viu crescer Faltamos nós também, cada um em canto seu Sempre a rimar este Alentejo com o teu Minho E a rir do que é importante, essa fome de viver
É a isto que chamo saudade, muito além do mar Daquela que curiosa segue pelo horizonte dentro E se faz num momento só, coisa pura e aventura Só poema com e sem rima que se recusa acabar Palavra interminável que define um desencontro Um beijo muito depois de um abraço de ternura
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