
Inerência Constante
Data 26/02/2025 11:47:28 | Tópico: Poemas
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havia-lhe um deserto em cada braço e uma ventania verde a soprar-lhe as areias havia-lhe uma paragem desconhecida em cada perna e um motor de combustão a empurrar-lhe horizontes Havia-lhe um tampão profundo em cada ouvido e um som rasgado a contar-lhe segredos Havia-lhe uma cegueira impertinente em cada olho e uma luz teimosa a abrir-lhe estrelas havia-lhe uma boca estranha oclusa e uma tesoura encantada a beijar-lhe lábios havia-lhe uma língua em serpentina e uma pinça destravada a puxar-lhe as papilas havia-lhe uma voz silêncio nas cordas secas e um megafone hidratado e gritar-lhe canções havia-lhe um músculo rubro espasmo de ritmo parado e uma bomba constante a explodir-lhe nas veias
havia-lhe uma inerência constante a chamar-lhe vida e enquanto morria ia nascendo
26-02-2025
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