Mother África

Data 07/03/2025 17:52:36 | Tópico: Poemas

Eu sou branquela
Mas eu consigo segurar minha onda
Eu consigo me vestir de parda
Tenho tudo, não tenho nada

Quero agradecer aos meus eus
Seus olhos azuis e a falta de molejo
Tão venerada aqui no Brasil
Vosotros molan mucho

Por trazerem um sobrenome chique
Que ninguém sabe pronunciar
Ainda que signifique "favelado"
Vocês sabem que são meus helados

Nem esperem algo meu, mandingas
Atabaque, Maracatu e jongo
Não afogarão minhas lágrimas
Não acredito que sou drongo

Culpa das de pernas pro alto
Engoliram tudo que viram
Saiu um árabe japonês
Depois de tudo, sumiram
Sobre o pobre de direita. Orgulha-se por ser eurodescendente, mas não por ser miscigenado. O eu-lírico não é baseado em mim, é uma representação.



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